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Fervura no Clima e uma ilustração de usina termelétrica sendo desativada.

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Torta de Climão (Extremo) – Ainda na COP30!

A inédita Plenária dos Povos realizada no último dia da COP30 em Belém.

Consenso! Afinal, o que é isso?

Então, uma coisa que se fala muito quando se fala em COPs é sobre o famoso consenso. E hoje, depois de tentar me recuperar das sequelas deixadas pelas longas caminhas no calor da COP, quero falar sobre ele.

Consenso como definido no dicionário é a:

  1. concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos, sentimentos, crenças etc., da maioria ou da totalidade de membros de uma coletividade.

Este tema ganha destaque porque desde que a COP é COP um dos principais pontos de discordância é inserir as palavras “combustíveis fósseis” no texto final. Isso nunca aconteceu, nem agora, e nem nas trinta edições do evento devido ao veto de países que vivem da produção de petróleo e os maiores responsáveis pela emissão destes combustíveis que são basicamente: Estados Unidos, China e Arábia Saudita.

Durante a COP toda eu fiquei lá dentro correndo de um lado para o outro, tentando participar de todos os modos possíveis e, tentando também entender porque ficamos sequestrados pela decisão de alguns poucos.

Primeira resposta que consegui: o consenso ao mesmo tempo que é um problema é a solução para dar o mesmo peso de voto a todos os países. Ou seja, gigantes poderosos da Europa, China e Estados Unidos tem o mesmo poder de voto que o Brasil, de Honduras e de Tuvalu, o primeiro país que vai desaparecer com a elevação do nível do mar. Portanto, muitas decisões a favor dos países que mais sofrem com as mudanças climáticas e que menos poluem também passam graças a isso.

Ao mesmo tempo é só a Arábia Saudita bater o pé que não se fala sobre o grande elefante cinza na sala que é a poluição que está matando o planeta.

No entanto, outro pensamento me veio à cabeça, pois adoro inverter as situações: é consenso que todos nós queremos viver assim, poluindo? Alguém algum dia perguntou para os países da África e da América Latina se queriam também depender dos combustíveis fósseis? Ou isso foi sendo imposto ao longo do processo de colonização, inclusive com guerras e a força, eliminando outras possibilidades de fontes de energia, tal como foi a implantação de todo um sistema rodoviário no Brasil a revelia de todo um sistema de ferrovias que já tínhamos?

O lobby dos países que mais ganharam com isso um dia perguntou algo para vocês? Pois para mim esse email, carta, telegrama nunca chegou, se chegou para vocês me encaminhem, por favor. Vai ver estavam com algum endereço antigo meu… vou até dar a eles o clássico benefício da dúvida.

Durante a COP vivi um dos momentos mais emocionantes que foi a Plenária dos Povos. Até onde sei isso nunca tinha acontecido. Ali, boa parte destes povos, que também nunca receberam este email, tiveram oportunidade de se manifestar, indígenas, quilombolas, refugiados puderam se expressar. Foi um momento mais simbólico que prático, é verdade, mas ocorreu um pouco depois da ministra de meio ambiente da Colômbia, Irene Veléz Torres, sair revoltada da plenária que negociava o texto final da COP. Há, ai, alguma ponta de esperança, uma porta em meio ao mar gelado do ártico, onde só cabe uma pessoa como naquele tal filme, talvez… mas há.

Captei sua fala em meio a disputa com veículos do mundo todo que também buscavam saber, afinal, como seria este texto final da COP.

“”Neste momento a crise climática se converte em colapso, estamos condenando a humanidade e a vida neste planeta, eu não vou assumir esta responsabilidade, meu governo não vai assumir esta responsabilidade. O texto como está é inaceitável, não podemos aceitar que esta situação do consenso se converta a uma permissão para aqueles que nos matam , e não pode ser que nós que estamos comprometidos com a vida neste planeta e com a crise climática tenhamos que aceitar um texto medíocre e isso não vamos fazer”, disse a ministra colombiana.

Pouco depois a mesma ministra anunciou que a Colômbia irá realizar no ano que vem uma COP paralela para debater exclusivamente o caminho para fim dos combustíveis fósseis. Demorou. Demorou para acontecer, e está muito certa a Colômbia, detentora junto com o Brasil e de boa parte da Amazônia e da biodiversidade do planeta em seu território.

Esta vai ser a COP dos nunca consultados, daqueles que, como eu, nunca receberam este email, telegrama ou carta. Daqueles que já tem resposta para uma pergunta nunca feita. Afinal, se não querem incluir o “Mapa do Caminho” nos textos oficiais e finais da COP, nada impende os países que concordam com ele, e são mais de 80, que desenhem seus próprios caminhos, não é verdade? Seguiremos até lá segurando na porta e apitando para ver se chega algum barco salva vidas.

Aos poucos, aqui na Torta de Climão, vou ir destrinchando fatos e decisões da COP aqui. Tem muita coisa para comentar e muitas ondas de calor vão passar até a próxima edição do evento.

E seguimos também com o Clima Social da COP:

O simpático Jonathan Watts (@watts.jonathan), cofundador de SUMAÚMA e editor global de meio ambiente do jornal “The Guardian” durante a cobertura das negociações finais da COP.


E o super repórter que cobre tudo, Yan Boechat (@yanboechat), fotografado no dia do seu aniversário na sala de imprensa da COP, sério só na foto.

Texto e fotos: Gabriela Di Bella

Quer comentar algo sobre a coluna, entre em contato: @gabidibella no instagram.

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