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Comunismo de luxo totalmente automatizado

Livro inglês lançado no Brasil propõe nova abordagem do futuro e do clima

Matthew Shirts

 

Se eu pudesse sugerir um só livro para o presidente Lula, Janja, e os assessores mais influentes no governo seria este: Comunismo de luxo totalmente automatizado do escritor inglês, Aaron Bastani. Eu o encomendei no original sem saber quase nada do livro e menos ainda do autor, graças ao título, que achei irresistível. Li no metrô em São Paulo, indo e voltando do trabalho. Fui sendo capturado pelo argumento a cada viagem. Perdi a estação duas vezes. O livro só melhora. E por sorte nossa, descobri agora, ao resolver escrever esta resenha, acaba de sair uma tradução em português, com este mesmo título, publicada pela editora Autonomia Literária.   

O tema central é a relação entre política e tecnologia. Bastani é jornalista, tem um doutorado do London School of Economics, e passeia com uma fluência gostosa pela história ocidental sempre com vistas para “a terceira disrupção”, a que está acontecendo agora. A primeira foi provocada pela agricultura, a segunda pela industrialização, e a terceira, a nossa e que já começou, será baseada na informação quase ilimitada e muito barata. Cita, mais de uma vez, Stewart Brand (Whole Earth Catalogue, Merry Prankster, Deextincão), um dos meus heróis intelectuais: a informação quer ser livre (information wants to be free). 

O objetivo do livro é apresentar uma utopia como meta, um ponto futuro melhor que o presente e o que Bastoni acredita ser preciso para chegar lá. As tecnologias da Terceira Disrupção, energia renovável, edição de DNA, internet, digitalização, Inteligência Artificial, já estão transformando nossas atitudes diante da vida social, mudando a ideia de posse, trabalho e até a noção de escassez. Daí a pergunta: “Como podemos transformar essas atitudes novas em poder político? Como eliminar a distância entre o futuro no qual acreditávamos e a decepção do presente. Como fazer com que problemas que parecem ser individuais sejam traduzidos em um audacioso e empático ‘nós’”. 

Pensei neste trecho do livro ao ler na internet que Bill Gates, havia elogiado o SUS e a Bolsa Família como estratégias. Vindo de um bilionário, a afirmação surpreendeu. Pareceu que ele tivesse lido o Bastani, talvez. 

O autor inglês afirma que o aumento brutal de produtividade das novas tecnologias baseadas na informação tornará tudo permanentemente mais barato, incluindo aí comida, transporte e vestuário. Mas que sem políticas públicas adequadas isto resultará em apenas mais exploração e enriquecimento de alguns (profiteering). 

Ou seja, ao invés de apresentar as forças do mercado como inevitáveis, Bastani pressupõe o avanço inexorável da tecnologia e propõe a submissão das forças econômicas às políticas públicas. E mais: “os proveitos sociais da transição para o Comunismo de Luxo Totalmente Automatizado devem ocorrer paralelamente à realização pessoal, não como sacrifício. É a política do guru e do coach –seja quem você quer ser – embutido dentro de um programa maior de transformação política. Você conseguirá viver sua melhor vida no regime de CLTA e em nenhum outro, então lute por ele e recuse o jugo de um sistema econômico do passado”.

A volta do “povo”, como ator principal da política, afirma, é inevitável, ou pela direita, como já vimos, ou como um sujeito social capaz de transformar a história. “Muitos entendem intuitivamente que os problemas de hoje são gigantescos e sem precedentes, e também entendem intuitivamente que soluções precisam ser do mesmo tamanho. Então diante do imenso potencial da Terceira Disrupção, promete-lhes aquilo que merecem –promete tudo”.     

No lugar do consumo desenfreado e niilismo das elites de hoje o CLTA oferece uma utopia. Na prática isto significa: a renda básica universal do Suplicy, junto com o direito à moradia, saúde pública de qualidade, educação, democracia, serviços legais, transporte e educação. Essas metas foram definidas por um estudo da University College London, de 2016, chamado “Social Prosperity for the Future”. 

Em termos de clima, Bastani afirma que mais do que articular “apenas” a sobrevivência da humanidade, a política da transição energética deve postular energia ilimitada para todos, sejam ricos ou pobres. “Este é o prêmio que nos oferecem as energias solar e eólica…” e ele deve ser evocado junto com a renda básica universal. “A transição para energia renovável vai fazer mais do que mitigar sistemas climáticos cada vez mais caóticos; oferecerá maior prosperidade para todos nós”. 

Se você está se perguntando como vamos pagar a conta, a resposta é, em termos simplificados, através da tecnologia e da política e do entusiasmo gerado por uma meta “populista” (no sentido progressista da palavra). Bastani elabora outros argumentos econômicos mais complexos, mas vou deixá-los para quem quiser ler a obra toda, que é, repito, uma delícia. 

 

No Comunismo de luxo totalmente automatizado (CLTA), a informação é livre e barata e universalizada e permite um futuro melhor: big dados, energia, renda básica universal, e o mais interessante, a saúde (através da edição de DNA) e a preservação da natureza. A tecnologia da informação barateia tudo ao extremo.  A luta é para que nós, os humanos, o povo, sejamos os beneficiários e não as vítimas deste processo. 

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