Fervura no Clima e uma ilustração de turbina eólica.

#FervuraNoClima

INSPIRAÇÃO PARA ENFRENTAR O AQUECIMENTO GLOBAL

Fervura no Clima e uma ilustração de usina termelétrica sendo desativada.

O Relógio
do Clima!
SAIBA MAIS

Brasil e EUA: uma nova relação para o Clima e a Democracia

À medida que a crise climática se acelera e os ataques fascistas à democracia se fazem cada vez mais comuns em nossas nações, um novo alinhamento entre o Brasil e os Estados Unidos, os dois maiores países do hemisfério ocidental, tornou-se mais crítico do que nunca...
Reconstrução. Ilustração por Caco Galhardo. Reconstruction. Ilustration by Caco Galhardo.
Reconstrução. Ilustração por Caco Galhardo. Reconstruction. Ilustration by Caco Galhardo.

À medida que a crise climática se acelera e os ataques fascistas à democracia se fazem cada vez mais comuns em nossas nações, um novo alinhamento entre o Brasil e os Estados Unidos, os dois maiores países do hemisfério ocidental, tornou-se mais crítico do que nunca. A colaboração e a coordenação em assuntos domésticos e internacionais é cada vez mais necessária. A ameaça existencial da crise climática, às nossas democracias e nossas comunidades menos favorecidas criaram uma oportunidade para nossas sociedades civis, movimentos e até autoridades eleitas desenvolverem novas formas de engajamento em um relacionamento historicamente marcado por desconfiança, cooperação reticente e coisas piores. O apoio indefensável dos Estados Unidos às ditaduras brasileira e latino-americanas na segunda metade do século 20 são cicatrizes recentes em nossa memória.

Ao nos aproximarmos do 200º aniversário da nefasta Doutrina Monroe, nossas atuais lutas compartilhadas oferecem uma oportunidade para deixar para trás o tratamento histórico ofensivo da América Latina como “quintal dos EUA” e avançar para uma relação equitativa de benefício mútuo e solidariedade generosa. Com a volta fundamental do Brasil a CELAC – Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos, o apoio dos países membros desta para que a COP 30 em 2025 seja sediada em Belém na Amazônia brasileira e a nova onda rosa de governos progressistas na América Latina, especialmente na Argentina, Chile, Colômbia e México, temos uma oportunidade única de transformar estruturalmente a nossa relação e também a de todo continente americano. 

No imaginário popular e na mídia internacional, os laços entre nossos dois países têm sido dominados pela colaboração entre terroristas fascistas e demagogos no contexto de negação eleitoral e tentativas fracassadas de golpe de extremistas de direita, exemplificadas mais recentemente pela invasão de 8 de janeiro aos prédios principais da praça do Três Poderes em Brasília. Por outro lado, os compromissos bilaterais para fortalecer coletivamente a democracia entre nossos países melhoraram notavelmente desde que Bolsonaro e Trump perderam suas candidaturas à reeleição. O novo relacionamento que está sendo desenvolvido é uma oportunidade para pessoas comuns se unirem contra uma classe bilionária que concentra riqueza em ambas as nações às custas do meio ambiente e dos direitos humanos, principalmente nas comunidades negras, indígenas e menos favorecidas.

À medida que aumentamos nossa solidariedade e lutamos fortemente contra organizações e partidos que buscam concentrar ainda mais a riqueza e derrubar nossas democracias, também devemos aprender com os sucessos e o trabalho extraordinário uns dos outros, enquanto construímos um caminho imaginativo e urgente em direção a um futuro habitável e viável para todos. Ao nos defendermos de tentativas de golpe, desenvolvimento de combustíveis fósseis, brutalidade policial e destruição de sindicatos, podemos aprender com as ricas histórias do Brasil e dos Estados Unidos, evitar erros repetidos e inspirar uns aos outros a construir um mundo melhor que dificilmente poderíamos imaginar trabalhando sozinhos.

As conexões entre os dois países são múltiplas e vão muito além de tamanhos populacionais e áreas de terra semelhantes. Rios atmosféricos, muitas vezes provenientes da transpiração na floresta amazônica, despejaram inundações históricas e secas devastadoras no sudeste brasileiro e também no oeste americano, ambos fortemente afetados pelo desmatamento no Brasil. Nossos países têm experimentado também outras formas de desastres climáticos avassaladores com frequência e intensidade crescentes. É chegada a hora de colaboração emergencial na descarbonização, no investimento em energia renovável, no fortalecimento das democracias e na eliminação da pobreza e racismo. Muitos de nossos objetivos são os mesmos.

 

 English Version

Brazil and the US: a new relationship for the Climate and Democracy

As the climate crisis accelerates and fascist attacks on democracy become increasingly common in both our nations, a new alignment between Brazil and the United States has become more critical than ever

As the climate crisis accelerates and fascist attacks on democracy become increasingly common in both our nations, a new alignment between Brazil and the United States, the two largest countries in the Western Hemisphere, has become more critical than ever. Collaboration and coordination on domestic and international affairs alike has become increasingly necessary. The climate crisis, coupled with threats to our democracies, and our most marginalized communities have created an opportunity for our civil society, movements and even elected officials to develop new forms of engagement in a relationship historically marked by mistrust, reticent cooperation and worse. The indefensible US support for the Brazilian and other Latin American dictatorships in the latter half of the 20th century remains a fresh scar in our memory.

As we approach the 200th anniversary of the nefarious Monroe Doctrine, our current shared  struggles offer an opportunity to leave behind the offensive historical treatment of Latin America as “America’s Backyard” and move towards an equitable relationship of mutual benefit and generous solidarity. With Brazil’s fundamental return to CELAC – Community of Latin American and Caribbean Nations, the support of its member states for COP 30 to be hosted in the Brazilian Amazon city of Belém in 2025 and, the new pink wave of progressive governments in Latin America, especially, in Argentina, Chile, Colombia and Mexico, we have a unique opportunity to structurally transform our relationship and also the one of the whole American continent.  

In the popular imagination and international media, ties between our two countries have  recently been dominated by the collaboration between fascist terrorists and demagogues, election denial and failed coup attempts by right wing extremists, exemplified most recently by the January 8th far-right siege on Brazil’s core government institutions. Bilateral commitments to collectively strengthening democracy between our countries have improved markedly since Bolsonaro and Trump lost their reelection bids. The new relationship coming to fruition is an opportunity for regular people to stand together against a billionaire class concentrating wealth in both nations at the direct expense of the environment and human rights, particularly in Black, brown, and Indigenous communities.

As we grow our solidarity and fight back hard against organizations and parties seeking to further concentrate wealth and overthrow our democracies, we must also learn from each other’s successes and extraordinary work as we build an imaginative and urgent pathway towards a liveable future for everyone. As we fend off coup attempts, fossil fuel development, police brutality, and union busting, we can learn from the rich histories of organizing in both Brazil and the United States, prevent repeated mistakes, and inspire one another to build a better world we could scarcely imagine working alone.

À medida que a crise climática se acelera e os ataques fascistas à democracia se fazem cada vez mais comuns em nossas nações, um novo alinhamento entre o Brasil e os Estados Unidos, os dois maiores países do hemisfério ocidental, tornou-se mais crítico do que nunca. A colaboração e a coordenação em assuntos domésticos e internacionais é cada vez mais necessária. A ameaça existencial da crise climática, às nossas democracias e nossas comunidades menos favorecidas criaram uma oportunidade para nossas sociedades civis, movimentos e até autoridades eleitas desenvolverem novas formas de engajamento em um relacionamento historicamente marcado por desconfiança, cooperação reticente e coisas piores. O apoio indefensável dos Estados Unidos às ditaduras brasileira e latino-americanas na segunda metade do século 20 são cicatrizes recentes em nossa memória.

Ao nos aproximarmos do 200º aniversário da nefasta Doutrina Monroe, nossas atuais lutas compartilhadas oferecem uma oportunidade para deixar para trás o tratamento histórico ofensivo da América Latina como “quintal dos EUA” e avançar para uma relação equitativa de benefício mútuo e solidariedade generosa. Com a volta fundamental do Brasil a CELAC – Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos, o apoio dos países membros desta para que a COP 30 em 2025 seja sediada em Belém na Amazônia brasileira e a nova onda rosa de governos progressistas na América Latina, especialmente na Argentina, Chile, Colômbia e México, temos uma oportunidade única de transformar estruturalmente a nossa relação e também a de todo continente americano. 

No imaginário popular e na mídia internacional, os laços entre nossos dois países têm sido dominados pela colaboração entre terroristas fascistas e demagogos no contexto de negação eleitoral e tentativas fracassadas de golpe de extremistas de direita, exemplificadas mais recentemente pela invasão de 8 de janeiro aos prédios principais da praça do Três Poderes em Brasília. Por outro lado, os compromissos bilaterais para fortalecer coletivamente a democracia entre nossos países melhoraram notavelmente desde que Bolsonaro e Trump perderam suas candidaturas à reeleição. O novo relacionamento que está sendo desenvolvido é uma oportunidade para pessoas comuns se unirem contra uma classe bilionária que concentra riqueza em ambas as nações às custas do meio ambiente e dos direitos humanos, principalmente nas comunidades negras, indígenas e menos favorecidas.

À medida que aumentamos nossa solidariedade e lutamos fortemente contra organizações e partidos que buscam concentrar ainda mais a riqueza e derrubar nossas democracias, também devemos aprender com os sucessos e o trabalho extraordinário uns dos outros, enquanto construímos um caminho imaginativo e urgente em direção a um futuro habitável e viável para todos. Ao nos defendermos de tentativas de golpe, desenvolvimento de combustíveis fósseis, brutalidade policial e destruição de sindicatos, podemos aprender com as ricas histórias do Brasil e dos Estados Unidos, evitar erros repetidos e inspirar uns aos outros a construir um mundo melhor que dificilmente poderíamos imaginar trabalhando sozinhos.

As conexões entre os dois países são múltiplas e vão muito além de tamanhos populacionais e áreas de terra semelhantes. Rios atmosféricos, muitas vezes provenientes da transpiração na floresta amazônica, despejaram inundações históricas e secas devastadoras no sudeste brasileiro e também no oeste americano, ambos fortemente afetados pelo desmatamento no Brasil. Nossos países têm experimentado também outras formas de desastres climáticos avassaladores com frequência e intensidade crescentes. É chegada a hora de colaboração emergencial na descarbonização, no investimento em energia renovável, no fortalecimento das democracias e na eliminação da pobreza e racismo. Muitos de nossos objetivos são os mesmos.

 

(à partir da esq.) Dep. Federal, MG, Célia Xakriabá, Ministra do Povos Originários e dep. federal, SP, Sônia Guajajara, Txai Suruí (Coord. do Movimento da Juventude Indígena), Vereadora e Sec. do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, RJ, Tainá de Paula, Vereadora do Recife, PE, Liana Cirne, Pedro Henrique de Christo (Coord. do NAVE - Novo Acordo Verde) e Preta Ferreira (Fund. do Liberdade Pretas e liderança do MSTC- Movimento dos Sem-teto do Centro) na Conferência Internacional do NAVE realizada em parceria com o Instituto Lula e o Fervura no Clima no Circo Voador em Outubro de 2022 no Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ. Foto: Gabriela Di Bella Photo: (from the left) Congresswoman, MG, Célia Xakriabá, Minister of Native Peoples and Congresswoman, SP, Sônia Guajajara, Txai Suruí (Coord. of the Indigenous Youth Movement), Councilwoman and Sec. of the Environment of Rio de Janeiro, RJ, Tainá de Paula, City Councilor of Recife, PE, Liana Cirne, Pedro Henrique de Christo (Coord. of NAVE - Novo Acordo Verde) and Preta Ferreira (Founder of Liberdade Pretas and MSTC leadership - Movimento dos Sem-teto do Centro) at the NAVE International Conference held in partnership with the Lula Institute and @Fervuranoclima at Circo Voador in November 2022 at Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ. Photo: Gabriela DiBella
(à partir da esq.) Dep. Federal, MG, Célia Xakriabá, Ministra do Povos Originários e dep. federal, SP, Sônia Guajajara, Txai Suruí (Coord. do Movimento da Juventude Indígena), Vereadora e Sec. do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, RJ, Tainá de Paula, Vereadora do Recife, PE, Liana Cirne, Pedro Henrique de Christo (Coord. do NAVE - Novo Acordo Verde) e Preta Ferreira (Fund. do Liberdade Pretas e liderança do MSTC- Movimento dos Sem-teto do Centro) na Conferência Internacional do NAVE realizada em parceria com o Instituto Lula e o Fervura no Clima no Circo Voador em Outubro de 2022 no Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ. Foto: Gabriela Di Bella Photo: (from the left) Congresswoman, MG, Célia Xakriabá, Minister of Native Peoples and Congresswoman, SP, Sônia Guajajara, Txai Suruí (Coord. of the Indigenous Youth Movement), Councilwoman and Sec. of the Environment of Rio de Janeiro, RJ, Tainá de Paula, City Councilor of Recife, PE, Liana Cirne, Pedro Henrique de Christo (Coord. of NAVE - Novo Acordo Verde) and Preta Ferreira (Founder of Liberdade Pretas and MSTC leadership - Movimento dos Sem-teto do Centro) at the NAVE International Conference held in partnership with the Lula Institute and @Fervuranoclima at Circo Voador in November 2022 at Circo Voador, Rio de Janeiro, RJ. Photo: Gabriela DiBella

Os candidatos dos movimentos sociais que estiveram entre os mais fortes defensores destas plataformas também foram vozes-chave na defesa da Democracia. Declarações contundentes de congressistas brasileiros e norte-americanos, incluindo nossa apoiadora do NAVE e líder indígena, a deputada Célia Xakriabá (PSOL – BRA) e vários deputados americanos campeões do Green New Deal, condenaram e relacionaram os violentos ataques de direita em Brasília em 8 de janeiro de 2023 e Washington em 6 de janeiro de 2021. Os presidentes Lula (PT – Partido dos Trabalhadores) e Biden (D – Partido Democrata) também se aproximaram no processo de enfrentarem juntos esses desafios comuns.

É preciso destacar no caso do Brasil que essas agressões já vinham ocorrendo nos últimos 4 anos aos povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e de favela, num claro e contínuo ataque à democracia. Desde o primeiro golpe no Brasil em 1500 com a invasão dos colonizadores, os indígenas, que são os maiores cuidadores do planeta, são o alvo número um da sede de ganância dessa, ainda existente, exploração colonialista. Em momentos de ataques a democracia isso se acentua, como observamos no governo Bolsonaro, onde os povos indígenas foram diretamente agredidos tanto pelo poder institucional assim como pela violência do garimpo ilegal, da mineração desenfreada e conflitos de terras pelo agronegócio. No dia 08 de janeiro de 2023, essa violência sai então dos territórios indígenas e atinge a sede da política brasileira, mostrando a íntima relação entre a devastação no meio ambiente e na política, entre o clima e a democracia.

 

The connections are manifold and go far beyond similar population sizes and land areas. Both countries have experienced other forms of debilitating climate disasters with escalating frequency and intensity. Atmospheric rivers, often sourced from transpiration in the Amazon rainforest, have alternatingly dumped historic floods and devastating droughts on the Brazilian southeast and the American West, both heavily affected by deforestation in Brazil. The time has come for emergency collaboration on decarbonization, investing in renewable energy, and bolstering democracy and eliminating poverty. So many of our goals are one and the same.

The opportunity to create and nurture these new bonds of cooperation has been created by movement organizing and a string of electoral successes. Social movements and civil society actors intentionally developed a platform of racial, economic, and environmental justice as a transformative, unifying platform.

The movement candidates who have been among the strongest proponents of this platform have also been key voices in the defense of Democracy. Strong statements by Brazilian and US congressional representatives, including our own NAVE supporter Rep. Célia Xakriabá (PSOL – BRA) and Green New Deal champions in the US, condemned and connected the violent right wing attacks in Brasília on Jan 8th, 2023 and Washington on January 6th, 2021. Presidents Lula (PT – Workers Party) and Biden (D – Democrat) have also become closer in the process of taking on these common challenges together.

Os candidatos dos movimentos sociais que estiveram entre os mais fortes defensores destas plataformas também foram vozes-chave na defesa da Democracia. Declarações contundentes de congressistas brasileiros e norte-americanos, incluindo nossa apoiadora do NAVE e líder indígena, a deputada Célia Xakriabá (PSOL – BRA) e vários deputados americanos campeões do Green New Deal, condenaram e relacionaram os violentos ataques de direita em Brasília em 8 de janeiro de 2023 e Washington em 6 de janeiro de 2021. Os presidentes Lula (PT – Partido dos Trabalhadores) e Biden (D – Partido Democrata) também se aproximaram no processo de enfrentarem juntos esses desafios comuns.

É preciso destacar no caso do Brasil que essas agressões já vinham ocorrendo nos últimos 4 anos aos povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e de favela, num claro e contínuo ataque à democracia. Desde o primeiro golpe no Brasil em 1500 com a invasão dos colonizadores, os indígenas, que são os maiores cuidadores do planeta, são o alvo número um da sede de ganância dessa, ainda existente, exploração colonialista. Em momentos de ataques a democracia isso se acentua, como observamos no governo Bolsonaro, onde os povos indígenas foram diretamente agredidos tanto pelo poder institucional assim como pela violência do garimpo ilegal, da mineração desenfreada e conflitos de terras pelo agronegócio. No dia 08 de janeiro de 2023, essa violência sai então dos territórios indígenas e atinge a sede da política brasileira, mostrando a íntima relação entre a devastação no meio ambiente e na política, entre o clima e a democracia.

 

Indígena observa a Floresta Amazônica na Terra Yawanawa, localizada no estado brasileiro do Acre. A native observes the Amazon rainforest in Terra Yawanawa, located in the Brazilian state of Acre.
Indígena observa a Floresta Amazônica na Terra Yawanawa, localizada no estado brasileiro do Acre. A native observes the Amazon rainforest in Terra Yawanawa, located in the Brazilian state of Acre.

Movimentos e coletivos sociais em nossos dois países têm colaborado em formatos inéditos devido à inevitável agenda comum de luta pela democracia e justiça climática. Essas  formas de cooperação uniram o Novo Acordo Verde (NAVE) brasileiro e o Green New Deal (GND) dos EUA. Ambas as iniciativas se esforçam para fazer investimentos históricos e equitativos em projetos para reduzir nossa dependência em combustíveis fósseis e expandir rapidamente nosso uso de energia renovável, com a criação de empregos bons e respeito aos sindicatos dos trabalhadores. O compartilhamento de ideias e recursos beneficiará enormemente a transição energética em ambos os países. O Brasil está muito mais adiantado do que os Estados Unidos em energia renovável, enquanto os Estados Unidos têm um sistema muito melhor para transportar mercadorias por ferrovias, para dar um exemplo.

O NAVE tem sido transformador na criação de uma coalizão que inclui líderes das florestas, comunidades rurais e urbanas, junto com especialistas para elaborar projetos que trabalham para desenvolver uma visão original do Sul Global capaz de superar o colonialismo climático. O GND, por sua vez, ganhou atenção internacional ao transformar o cenário político da luta climática nos EUA, vertendo as demandas do movimento de base em uma posição amplamente aceita do partido Democrata. O movimento por um Green New Deal criou o espaço político que levou os EUA a investir US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em combate às mudanças climáticas e levou ao desenvolvimento de inúmeras propostas populares no âmbito do governo federal.

No que diz respeito às políticas públicas, as influências transfronteiriças começam a ganhar corpo, e devemos destacar alguns exemplos animadores. O Bus Rapid Transit Act, recentemente apresentado no Congresso dos EUA, foi inspirado em grande parte pelo sucesso dos sistemas de ônibus brasileiros em Curitiba e em outros lugares.

Ainda na escala das cidades temos no Brasil um forte exemplo contra o racismo ambiental urbano fomentado pela especulação imobiliária. Movimentos de moradia como o MSTC – Movimento dos Sem-teto do Centro, geralmente liderados por mulheres negras, reformam prédios abandonados no centro das grandes metrópoles em moradias definitivas em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades do governo Lula. Dessa maneira, praticam urbanismo social e ambiental, fazendo valer o direito constitucional à moradia por meio da integração de famílias de trabalhadores às áreas centrais da rede de infra-estrutura e equipamentos públicos e, ao trazer as pessoas para morarem perto dos seus trabalhos, diminuem a pegada de carbono das cidades.

A famosa política brasileira de transferência de renda, o Bolsa Família, inspirou as políticas de Renda Básica Universal nos Estados Unidos devido à sua superioridade em relação aos programas de combate à pobreza extrema no país. O Brasil acaba de criar o primeiro ministério dos Povos Indígenas liderado pela ex-presidente da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Deputada Sônia Guajajara (Embaixadora do Clima do NAVE), que foi reconhecida no prêmio TIME 100. Pois, como já foi apontado pela ONU mesmo sendo 1% da população mundial, os povos indígenas são responsáveis por mais de 80% da preservação dos biomas do planeta. O avanço conservador contra esses povos é a prova de que o fim da democracia só interessa aos que também querem o fim da humanidade. Reflorestar não é apenas algo literal. É preciso reflorestar a democracia, a política, a mente e o coração das pessoas para romper o ciclo do autoritarismo e da violência.

Somente juntos nossos dois países podem enfrentar a crise climática em grande escala. Devemos fazer investimentos governamentais muito mais expansivos e rejeitar soluções baseadas no mercado/neoliberais que não atendam nem à urgência nem às necessidades de equidade que enfrentamos. Juntos podemos conquistar investimentos climáticos, fortalecer a democracia e centralizar os temas de justiça racial e econômica, comunicando e organizando com alegria para inspirar esperança e contagiar uns aos outros nessas lutas. Novos níveis de cooperação transformadora entre nossas nações podem se transformar em um dos desenvolvimentos mais esperançosos para todos os nossos movimentos alinhados. Vamos criar juntos o futuro que queremos e vamos fazê-lo agora.

It is necessary to highlight in the case of Brazil that these attacks have been taking place over the last 4 years against indigenous peoples, quilombolas, traditional communities and favelas, in a clear and continuous assault on democracy and self-determination. Since the first blow in Brazil in 1500 with the invasion of colonizers, the indigenous people, who are the greatest caretakers on the planet, are the number one target of colonialist exploitation and greed, which exists still today. In moments of attacks on democracy, this is accentuated, as we observed in the Bolsonaro government, where indigenous peoples were directly attacked both by institutional power as well as by the violence of illegal, unbridled mining and land conflicts generated by agribusiness. On January 8, 2023, this violence migrated from indigenous territories into the headquarters of Brazilian politics, showing the intimate relationship between devastation in the environment and politics, between the preservation of the climate and democracy.

Social movements and collectives across our two countries have been collaborating in new ways, inspired by an unavoidable common agenda to fight for democracy and climate justice. This new form of cooperation has linked the Brazilian Novo Acordo Verde (NAVE) and the U.S. Green New Deal (GND). Both initiatives strive to make historic, equitable investments in projects to reduce our reliance on fossil fuels and rapidly expand our use of renewable energy, while creating union jobs in the process. Sharing ideas and resources will massively benefit the energy transition in both countries. For example, Brazil is much farther along than the United States in renewable energy, while the United States has a far better system for transporting goods by train.

NAVE has been transformative in its creation of a coalition of leaders from its forests, especially the Amazon rainforest, rural communities and cities, with experts influencing ongoing policy and project proposals that work to develop a vision original to the Global South capable of overcoming climate colonialism. The US GND gained international attention for transforming the political landscape on climate change in the US by turning grassroots movement demands into a widely accepted Democratic party position about the need for massive public investments in climate. The movement for a Green New Deal created the political space that led the US to invest $370 billion on climate change and has led to the development of numerous popular federal policy proposals.

In regards to public policy, cross border influences are starting to take shape, and we must highlight good examples to inspire more of them. The Bus Rapid Transit Act, for example, recently introduced in the US Congress, was inspired largely by the success of the Brazilian bus systems in Curitiba and elsewhere. The Green New Deal Champions project united key policies into a shared platform of gold-standard climate justice bills in the US and has inspired Brazilian organizers in their process for transforming movement demands into official policy.

In cities, Brazil offers positive examples in the fight against environmental racism fostered by real estate speculation. Housing movements such as the MSTC – Movimento dos Sem-teto do Centro, generally led by black women, renovate abandoned buildings in the center of large cities into permanent housing in partnership with the Minha Casa, Minha Vida program – created by Lula in government. In this way, they practice social and environmental urbanism, asserting the constitutional right to housing through the integration of workers’ families in the central areas of the infrastructure network and public facilities, allowing people to live close to their jobs and reducing the carbon footprint of cities.

The famous policy of cash transfers known as Bolsa Familia has inspired Universal Basic Income policies across the US because of its superiority to programs to address extreme poverty in the US. Brazil has just created its first ministry of the Indigenous Peoples led by the former president of Indigenous Peoples Association of Brazil (APIB), Congresswoman Sônia Guajajara (NAVE Climate Ambassador), who has been recognized in the TIME 100. This is significant for the climate. As the United Nations has pointed out, despite being 1% of the world’s population, indigenous peoples are responsible for more than 80% of the preservation of the planet’s biomes. The conservative advance against these peoples is proof that the end of democracy only benefits those who also want the end of humanity. Reforesting is not just something literal. It is necessary to reforest democracy, politics, people’s minds and hearts in order to break the cycle of authoritarianism and violence.

Together our two countries can take on the climate crisis at scale. We must make far more expansive government investments and reject market-based neoliberal solutions that meet neither the urgency or equity needs we face. Together we can win climate investments, bolster democracy and center racial and economic justice, communicating and organizing with joy to inspire hope and make this fight contagious. New levels of transformative cooperation between our nations could become one of the most hopeful developments for all of our aligned movements. We must create the future we need, and we must create it now.

Movimentos e coletivos sociais em nossos dois países têm colaborado em formatos inéditos devido à inevitável agenda comum de luta pela democracia e justiça climática. Essas  formas de cooperação uniram o Novo Acordo Verde (NAVE) brasileiro e o Green New Deal (GND) dos EUA. Ambas as iniciativas se esforçam para fazer investimentos históricos e equitativos em projetos para reduzir nossa dependência em combustíveis fósseis e expandir rapidamente nosso uso de energia renovável, com a criação de empregos bons e respeito aos sindicatos dos trabalhadores. O compartilhamento de ideias e recursos beneficiará enormemente a transição energética em ambos os países. O Brasil está muito mais adiantado do que os Estados Unidos em energia renovável, enquanto os Estados Unidos têm um sistema muito melhor para transportar mercadorias por ferrovias, para dar um exemplo.

O NAVE tem sido transformador na criação de uma coalizão que inclui líderes das florestas, comunidades rurais e urbanas, junto com especialistas para elaborar projetos que trabalham para desenvolver uma visão original do Sul Global capaz de superar o colonialismo climático. O GND, por sua vez, ganhou atenção internacional ao transformar o cenário político da luta climática nos EUA, vertendo as demandas do movimento de base em uma posição amplamente aceita do partido Democrata. O movimento por um Green New Deal criou o espaço político que levou os EUA a investir US$ 370 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em combate às mudanças climáticas e levou ao desenvolvimento de inúmeras propostas populares no âmbito do governo federal.

No que diz respeito às políticas públicas, as influências transfronteiriças começam a ganhar corpo, e devemos destacar alguns exemplos animadores. O Bus Rapid Transit Act, recentemente apresentado no Congresso dos EUA, foi inspirado em grande parte pelo sucesso dos sistemas de ônibus brasileiros em Curitiba e em outros lugares.

Ainda na escala das cidades temos no Brasil um forte exemplo contra o racismo ambiental urbano fomentado pela especulação imobiliária. Movimentos de moradia como o MSTC – Movimento dos Sem-teto do Centro, geralmente liderados por mulheres negras, reformam prédios abandonados no centro das grandes metrópoles em moradias definitivas em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades do governo Lula. Dessa maneira, praticam urbanismo social e ambiental, fazendo valer o direito constitucional à moradia por meio da integração de famílias de trabalhadores às áreas centrais da rede de infra-estrutura e equipamentos públicos e, ao trazer as pessoas para morarem perto dos seus trabalhos, diminuem a pegada de carbono das cidades.

A famosa política brasileira de transferência de renda, o Bolsa Família, inspirou as políticas de Renda Básica Universal nos Estados Unidos devido à sua superioridade em relação aos programas de combate à pobreza extrema no país. O Brasil acaba de criar o primeiro ministério dos Povos Indígenas liderado pela ex-presidente da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Deputada Sônia Guajajara (Embaixadora do Clima do NAVE), que foi reconhecida no prêmio TIME 100. Pois, como já foi apontado pela ONU mesmo sendo 1% da população mundial, os povos indígenas são responsáveis por mais de 80% da preservação dos biomas do planeta. O avanço conservador contra esses povos é a prova de que o fim da democracia só interessa aos que também querem o fim da humanidade. Reflorestar não é apenas algo literal. É preciso reflorestar a democracia, a política, a mente e o coração das pessoas para romper o ciclo do autoritarismo e da violência.

Somente juntos nossos dois países podem enfrentar a crise climática em grande escala. Devemos fazer investimentos governamentais muito mais expansivos e rejeitar soluções baseadas no mercado/neoliberais que não atendam nem à urgência nem às necessidades de equidade que enfrentamos. Juntos podemos conquistar investimentos climáticos, fortalecer a democracia e centralizar os temas de justiça racial e econômica, comunicando e organizando com alegria para inspirar esperança e contagiar uns aos outros nessas lutas. Novos níveis de cooperação transformadora entre nossas nações podem se transformar em um dos desenvolvimentos mais esperançosos para todos os nossos movimentos alinhados. Vamos criar juntos o futuro que queremos e vamos fazê-lo agora.

 English Version

Brazil and the US: a new relationship for the Climate and Democracy

As the climate crisis accelerates and fascist attacks on democracy become increasingly common in both our nations, a new alignment between Brazil and the United States has become more critical than ever

As the climate crisis accelerates and fascist attacks on democracy become increasingly common in both our nations, a new alignment between Brazil and the United States, the two largest countries in the Western Hemisphere, has become more critical than ever. Collaboration and coordination on domestic and international affairs alike has become increasingly necessary. The climate crisis, coupled with threats to our democracies, and our most marginalized communities have created an opportunity for our civil society, movements and even elected officials to develop new forms of engagement in a relationship historically marked by mistrust, reticent cooperation and worse. The indefensible US support for the Brazilian and other Latin American dictatorships in the latter half of the 20th century remains a fresh scar in our memory.

As we approach the 200th anniversary of the nefarious Monroe Doctrine, our current shared  struggles offer an opportunity to leave behind the offensive historical treatment of Latin America as “America’s Backyard” and move towards an equitable relationship of mutual benefit and generous solidarity. With Brazil’s fundamental return to CELAC – Community of Latin American and Caribbean Nations, the support of its member states for COP 30 to be hosted in the Brazilian Amazon city of Belém in 2025 and, the new pink wave of progressive governments in Latin America, especially, in Argentina, Chile, Colombia and Mexico, we have a unique opportunity to structurally transform our relationship and also the one of the whole American continent.  

In the popular imagination and international media, ties between our two countries have  recently been dominated by the collaboration between fascist terrorists and demagogues, election denial and failed coup attempts by right wing extremists, exemplified most recently by the January 8th far-right siege on Brazil’s core government institutions. Bilateral commitments to collectively strengthening democracy between our countries have improved markedly since Bolsonaro and Trump lost their reelection bids. The new relationship coming to fruition is an opportunity for regular people to stand together against a billionaire class concentrating wealth in both nations at the direct expense of the environment and human rights, particularly in Black, brown, and Indigenous communities.

As we grow our solidarity and fight back hard against organizations and parties seeking to further concentrate wealth and overthrow our democracies, we must also learn from each other’s successes and extraordinary work as we build an imaginative and urgent pathway towards a liveable future for everyone. As we fend off coup attempts, fossil fuel development, police brutality, and union busting, we can learn from the rich histories of organizing in both Brazil and the United States, prevent repeated mistakes, and inspire one another to build a better world we could scarcely imagine working alone.

The connections are manifold and go far beyond similar population sizes and land areas. Both countries have experienced other forms of debilitating climate disasters with escalating frequency and intensity. Atmospheric rivers, often sourced from transpiration in the Amazon rainforest, have alternatingly dumped historic floods and devastating droughts on the Brazilian southeast and the American West, both heavily affected by deforestation in Brazil. The time has come for emergency collaboration on decarbonization, investing in renewable energy, and bolstering democracy and eliminating poverty. So many of our goals are one and the same.

The opportunity to create and nurture these new bonds of cooperation has been created by movement organizing and a string of electoral successes. Social movements and civil society actors intentionally developed a platform of racial, economic, and environmental justice as a transformative, unifying platform.

The movement candidates who have been among the strongest proponents of this platform have also been key voices in the defense of Democracy. Strong statements by Brazilian and US congressional representatives, including our own NAVE supporter Rep. Célia Xakriabá (PSOL – BRA) and Green New Deal champions in the US, condemned and connected the violent right wing attacks in Brasília on Jan 8th, 2023 and Washington on January 6th, 2021. Presidents Lula (PT – Workers Party) and Biden (D – Democrat) have also become closer in the process of taking on these common challenges together.

It is necessary to highlight in the case of Brazil that these attacks have been taking place over the last 4 years against indigenous peoples, quilombolas, traditional communities and favelas, in a clear and continuous assault on democracy and self-determination. Since the first blow in Brazil in 1500 with the invasion of colonizers, the indigenous people, who are the greatest caretakers on the planet, are the number one target of colonialist exploitation and greed, which exists still today. In moments of attacks on democracy, this is accentuated, as we observed in the Bolsonaro government, where indigenous peoples were directly attacked both by institutional power as well as by the violence of illegal, unbridled mining and land conflicts generated by agribusiness. On January 8, 2023, this violence migrated from indigenous territories into the headquarters of Brazilian politics, showing the intimate relationship between devastation in the environment and politics, between the preservation of the climate and democracy.

Social movements and collectives across our two countries have been collaborating in new ways, inspired by an unavoidable common agenda to fight for democracy and climate justice. This new form of cooperation has linked the Brazilian Novo Acordo Verde (NAVE) and the U.S. Green New Deal (GND). Both initiatives strive to make historic, equitable investments in projects to reduce our reliance on fossil fuels and rapidly expand our use of renewable energy, while creating union jobs in the process. Sharing ideas and resources will massively benefit the energy transition in both countries. For example, Brazil is much farther along than the United States in renewable energy, while the United States has a far better system for transporting goods by train.

NAVE has been transformative in its creation of a coalition of leaders from its forests, especially the Amazon rainforest, rural communities and cities, with experts influencing ongoing policy and project proposals that work to develop a vision original to the Global South capable of overcoming climate colonialism. The US GND gained international attention for transforming the political landscape on climate change in the US by turning grassroots movement demands into a widely accepted Democratic party position about the need for massive public investments in climate. The movement for a Green New Deal created the political space that led the US to invest $370 billion on climate change and has led to the development of numerous popular federal policy proposals.

In regards to public policy, cross border influences are starting to take shape, and we must highlight good examples to inspire more of them. The Bus Rapid Transit Act, for example, recently introduced in the US Congress, was inspired largely by the success of the Brazilian bus systems in Curitiba and elsewhere. The Green New Deal Champions project united key policies into a shared platform of gold-standard climate justice bills in the US and has inspired Brazilian organizers in their process for transforming movement demands into official policy.

In cities, Brazil offers positive examples in the fight against environmental racism fostered by real estate speculation. Housing movements such as the MSTC – Movimento dos Sem-teto do Centro, generally led by black women, renovate abandoned buildings in the center of large cities into permanent housing in partnership with the Minha Casa, Minha Vida program – created by Lula in government. In this way, they practice social and environmental urbanism, asserting the constitutional right to housing through the integration of workers’ families in the central areas of the infrastructure network and public facilities, allowing people to live close to their jobs and reducing the carbon footprint of cities.

The famous policy of cash transfers known as Bolsa Familia has inspired Universal Basic Income policies across the US because of its superiority to programs to address extreme poverty in the US. Brazil has just created its first ministry of the Indigenous Peoples led by the former president of Indigenous Peoples Association of Brazil (APIB), Congresswoman Sônia Guajajara (NAVE Climate Ambassador), who has been recognized in the TIME 100. This is significant for the climate. As the United Nations has pointed out, despite being 1% of the world’s population, indigenous peoples are responsible for more than 80% of the preservation of the planet’s biomes. The conservative advance against these peoples is proof that the end of democracy only benefits those who also want the end of humanity. Reforesting is not just something literal. It is necessary to reforest democracy, politics, people’s minds and hearts in order to break the cycle of authoritarianism and violence.

Together our two countries can take on the climate crisis at scale. We must make far more expansive government investments and reject market-based neoliberal solutions that meet neither the urgency or equity needs we face. Together we can win climate investments, bolster democracy and center racial and economic justice, communicating and organizing with joy to inspire hope and make this fight contagious. New levels of transformative cooperation between our nations could become one of the most hopeful developments for all of our aligned movements. We must create the future we need, and we must create it now.

Versión en Español

Brasil y los EEUU: una nueva relación por el Clima y Democracia

Al tiempo que la crisis climática se acelera y los ataques fascistas a la democracia se vuelven cada vez más comunes en nuestras naciones, una nueva alineación entre Brasil y Estados Unidos, los dos países más grandes del hemisferio occidental, se ha vuelto más crítica que nunca

Al tiempo que la crisis climática se acelera y los ataques fascistas a la democracia se vuelven cada vez más comunes en nuestras naciones, una nueva alineación entre Brasil y Estados Unidos, los dos países más grandes del hemisferio occidental, se ha vuelto más crítica que nunca. La colaboración y la coordinación en los asuntos nacionales e internacionales son cada vez más necesarias. La amenaza existencial de la crisis climática, también a nuestras democracias y nuestras comunidades desfavorecidas han creado una oportunidad para que nuestras sociedades civiles, movimientos e incluso autoridades electas desarrollen nuevas formas de participación en una relación históricamente marcada por la desconfianza, la cooperación reticente y cosas peores. El indefendible apoyo de Estados Unidos a las dictaduras brasileña y latinoamericanas en la segunda mitad del siglo XX son cicatrices recientes en nuestra memoria.

A la medida que nos acercamos a los 200 años de la nefasta Doctrina Monroe, las luchas que compartimos actualmente ofrecen la oportunidad de dejar atrás el ofensivo tratamiento histórico de América Latina como “el patio de EE.UU.” y avanzar hacia una relación equitativa de beneficio mutuo y solidaridad generosa. Con el retorno fundamental de Brasil a la CELAC – Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños, el apoyo de sus países miembros a la COP 30 de 2025 a realizarse en Belém en la Amazonía brasileña y la nueva ola rosa de gobiernos progresistas en América Latina, especialmente en Argentina, Chile, Colombia y México, tenemos una oportunidad única de transformar estructuralmente nuestra relación y también la de todo el continente americano.

En la imaginación popular y en los medios de comunicación internacionales, los lazos entre nuestros dos países han estado dominados por la colaboración entre terroristas fascistas y demagogos en el contexto de negación electoral y intentos fallidos de golpe por parte de extremistas de derecha, ejemplificado, más recientemente por la invasión del 8 de enero en la plaza principal de los edificios de los “Três Poderes” en Brasilia. Por otro lado, los compromisos bilaterales para fortalecer colectivamente la democracia entre nuestros países han mejorado notablemente desde que Bolsonaro y Trump perdieron sus candidaturas a la reelección. La nueva relación que se está desarrollando es una oportunidad para que la gente común se junte contra una clase multimillonaria que concentra la riqueza en ambas naciones al costo del medio ambiente y los derechos humanos, especialmente en las comunidades negras, indígenas y desfavorecidas.

A la medida que aumentamos nuestra solidaridad y luchamos con fuerza contra las organizaciones y los partidos que buscan concentrar aún más la riqueza y derrocar nuestras democracias, también debemos aprender con los éxitos y el trabajo extraordinario de los demás, mientras forjamos un camino imaginativo y urgente hacia un futuro habitable y viable para todos. Al defendernos de los intentos de golpe de estado, el desarrollo de combustibles fósiles, la brutalidad policial y la destrucción de los sindicatos, podemos aprender de las ricas historias de Brasil y Estados Unidos, evitar repetir errores e inspirarnos unos a otros para construir un mundo mejor que difícilmente podríamos imaginar sin un trabajo conjunto.

Las conexiones entre los dos países son múltiples y van mucho más allá de la cantidad de habitantes y área de tierra similares. Los ríos atmosféricos, a menudo originados por la transpiración en la selva amazónica, han desatado inundaciones históricas y sequías devastadoras en el sudeste de Brasil y el oeste de Estados Unidos, los cuales se ven gravemente afectados por la deforestación en Brasil. Nuestros países también han experimentado otras formas de abrumadores desastres climáticos con creciente frecuencia e intensidad. Ha llegado el momento de la colaboración de emergencia en la descarbonización, la inversión en energías renovables, el fortalecimiento de las democracias y la eliminación de la pobreza y el racismo. Muchos de nuestros objetivos son los mismos.

La apertura para crear y nutrir estos nuevos lazos de cooperación fue creada por la organización de activistas y una serie de éxitos electorales. Los movimientos sociales y los actores de la sociedad civil han desarrollado plataformas para la justicia racial, económica y ambiental.

Los candidatos de los movimientos sociales que se encontraban entre los más fuertes defensores de estas plataformas también fueron voces clave en defensa de la democracia. Fuertes declaraciones de congresistas brasileños y estadounidenses, incluida líder indígena y colaboradora del NAVE, la congresista Célia Xakriabá (PSOL – BRA) y varios congresistas estadounidenses defensores del Green New Deal, que condenaron y vincularon los violentos ataques de la derecha en Brasilia el 8 de enero de 2023 y Washington el 6 de enero de 2021. Los presidentes Lula (PT – Partido de los Trabajadores) y Biden (D – Partido Demócrata) también se unieron en el proceso de enfrentar juntos estos desafíos comunes.

Es necesario resaltar en el caso de Brasil que estas agresiones ya venían ocurriendo en los últimos 4 años contra pueblos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionales y barrios marginales, en un claro y continuo ataque a la democracia. Desde el primer golpe en Brasil en 1500 con la invasión de los colonizadores, los indígenas, que son los mayores cuidadores del planeta, son el blanco número uno de la sed de ganancia de esta explotación colonialista, aún existente. En momentos de ataques a la democracia, esto se acentúa, como observamos en el gobierno de Bolsonaro, donde los pueblos indígenas fueron atacados directamente tanto por el poder institucional como por la violencia de la minería ilegal y desenfrenada y los conflictos territoriales por parte del agronegocio. El 8 de enero de 2023, esta violencia sale entonces de los territorios indígenas y llega a la sede de la política brasileña, mostrando la íntima relación entre la devastación en el medio ambiente y la política, entre el clima y la democracia.

Los movimientos y colectivos sociales en nuestros dos países han colaborado de manera sin precedentes debido a la inevitable agenda común de lucha por la democracia y la justicia climática. Estas formas de cooperación unieron el Nuevo Acuerdo Verde de Brasil (NAVE) y el Green New Deal de EE. UU. (GND). Ambas iniciativas se esfuerzan por realizar inversiones históricas y equitativas en proyectos para reducir nuestra dependencia de los combustibles fósiles y expandir rápidamente nuestro uso de energía renovable, mientras creamos buenos empleos y respetamos los sindicatos. Compartir ideas y recursos beneficiará enormemente la transición energética en ambos países. Brasil está mucho más adelantado que Estados Unidos en energías renovables, mientras que Estados Unidos tiene un sistema mucho mejor para el transporte de mercancías por ferrocarril, por ejemplo.

NAVE ha sido transformadora en la creación de una coalición que incluye líderes de florestas, comunidades rurales y urbanas, junto con expertos para elaborar proyectos que trabajan para desarrollar una visión original del Sur Global capaz de superar el colonialismo climático. El GND, por su parte, ha ganado la atención internacional al transformar el panorama político de la lucha climática en los EE. UU., traduciendo las demandas del movimiento de base en una posición ampliamente aceptada del partido Demócrata. El movimiento por un Green New Deal creó el espacio político que llevó a EE. UU. a invertir US$ 370 mil millones (R$ 1,9 billones) en la lucha contra el cambio climático y llevó al desarrollo de numerosas propuestas populares dentro del gobierno federal.

Con relación a las políticas públicas, las influencias transfronterizas comienzan a tomar forma y debemos destacar algunos ejemplos alentadores. La Ley de Autobuses de Tránsito Rápido, presentada recientemente en el Congreso de los Estados Unidos, se inspiró en gran parte en el éxito de los sistemas de autobuses brasileños en Curitiba y otros lugares.

Aún en la escala de las ciudades, Brasil tiene un fuerte ejemplo contra el racismo ambiental urbano fomentado por la especulación inmobiliaria. Movimientos de vivienda como el MSTC – Movimiento de los Sin Techo del Centro, generalmente liderado por mujeres negras, renuevan edificios abandonados en el centro de las grandes ciudades para convertirlos en viviendas permanentes en asociación con el programa Minha Casa, Minha Vida – creados en el anterior gobierno de Lula. Y así, practican el urbanismo social y ambiental, haciendo efectivo el derecho constitucional a la vivienda con la integración de las familias de los trabajadores a las áreas centrales de la red de infraestructura y equipamiento público y, al acercar a las personas a vivir cerca de sus puestos de trabajo, reducen la huella de carbono de las ciudades.

La famosa política de transferencia de ingresos de Brasil, Bolsa Família, inspiró las políticas de Renta Básica Universal en los Estados Unidos debido a su superioridad en relación con los programas de combate a la pobreza extrema en el país. Brasil acaba de crear el primer ministerio de Pueblos Indígenas liderado por la expresidenta de la Asociación de Pueblos Indígenas de Brasil (APIB), diputada Sônia Guajajara (Embajadora Climática de NAVE), quien fue reconocida en el premio TIME 100. Ya se ha señalado por la ONU que a pesar de que son el 1% de la población mundial, los pueblos indígenas son responsables de más del 80% de la preservación de los biomas del planeta. El avance conservador contra estos pueblos es una prueba de que el fin de la democracia sólo interesa a quienes también quieren el fin de la humanidad. Reforestar no es solo algo literal. Es necesario reforestar la democracia, la política, la mente y el corazón de las personas para romper el ciclo del autoritarismo y la violencia.

Solo juntos nuestros dos países pueden enfrentar la crisis climática a gran escala. Debemos hacer inversiones gubernamentales mucho más expansivas y rechazar las soluciones neoliberales basadas en el mercado que no consideran ni la urgencia ni las necesidades de equidad que enfrentamos. Juntos podemos ganar inversiones contra el cambio climático, fortalecer la democracia y enfocarnos en la justicia racial y económica, comunicándonos y organizándonos con alegría para inspirar esperanza y contagiarnos unos a otros en estas luchas. Nuevos niveles de cooperación transformadora entre nuestras naciones podrían convertirse en uno de los desarrollos más esperanzadores para todos nuestros movimientos alineados. Creemos juntos el futuro que queremos, y hagámoslo ahora.

Dep. Célia Xakriabá: Deputada Federal eleita (Psol), Líder indígena (APIB), professora, Doutoranda em Antropologia (UNB) e apoiadora do NAVE

Dep. Célia Xakriabá: Deputada Federal eleita (Psol), Líder indígena (APIB), professora, Doutoranda em Antropologia (UNB) e apoiadora do NAVE

Preta Ferreira: Multiartista, ativista, líder do movimento de moradia (MSTC), negro e feminista, escritora, atriz e Embaixadora Cultural do NAVE

Preta Ferreira: Multiartista, ativista, líder do movimento de moradia (MSTC), negro e feminista, escritora, atriz e Embaixadora Cultural do NAVE

Saul Levin: Saul Levin é ativista climático e sindical. Desenvolve políticas públicas climáticas nos EUA e é um dos líderes do movimento Green New Deal. @saaaauuull

Saul Levin: Saul Levin é ativista climático e sindical. Desenvolve políticas públicas climáticas nos EUA e é um dos líderes do movimento Green New Deal. @saaaauuull

Pedro Henrique de Christo: Coordenador do NAVE - Novo Acordo Verde e filiado ao PT, polímata, é professor-visitante de políticas públicas, desenho urbano e arquitetura na Universidad Eafit-Urbam, em Medellín. MPP’11 Harvard. @pedrohdcristo

Pedro Henrique de Christo: Coordenador do NAVE – Novo Acordo Verde e filiado ao PT, polímata, é professor-visitante de políticas públicas, desenho urbano e arquitetura na Universidad Eafit-Urbam, em Medellín. MPP’11 Harvard. @pedrohdcristo

Assine nossa Newsletter

Nós Não Enviamos Spam!

    Parcerias

    aceleração

    You don't have permission to register