A primeira vez que eu vi um cogumelo foi no estrogonofe da minha mãe, ele se chamava Champignon. Quando cresci um pouco e conheci o bairro da Liberdade, fui apresentada à dupla Shitake e Shimeji.
Me apaixonei mesmo sem saber direito quem era um,
quem era o outro. Depois foi a vez do chá, feito com um cogumelo que nascia no pasto por onde andavam as vacas. Isso sem falar nas maravilhas das gotas de Psilocibina. Mesmo com tantas lembranças sinto que a minha história de amor com os cogumelos está apenas engatinhando.
Eles são um dos seres mais incríveis do planeta.
Fazem parte da família numerosa dos fungos, 3,8 milhões estão espalhados por aí e a gente conhece apenas 3%.
E, além de frequentar nossas bocas e mentes famintas
por novidades, cogumelos podem fazer muito pelo planeta.
Eles fabricam papel, fazem vacinas, remédios e sapatos,
tratam enxaqueca, consomem pesticidas persistentes,
degradam metais pesados e até regeneram locais radioativos.
Acho que quando a Mudança Climática ouve a palavra
Cogumelo ela pira, feito eu.
Porque além de tudo o que já fazem, cogumelos ainda
comem plástico e alimentam florestas.
São tantas as mágicas que dá para entender por que
desde os tempos dos Maias, tantas pessoas seguem
procurando nos pastos um Amanita Muscaria para
chamar de seu.
Simone Az é colunista do Fervura. Escreve contos, poemas e tem um romance prontíssimo para sair do forno.
