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“O que fazer para COP 30 em Belém dar certo?”

O presidente Lula e vários de seus pares dão início a uma iniciativa promissora essa semana em Paris, o Novo Pacto Financeiro Global
Cartaz do evento Power our Planet que acontecerá em Paris dia 22/06 em apoio a cúpula do Novo Pacto Financeiro Global que ocorrerá no mesmo dia e cidade contando com os presidentes Lula (Brasil), Macron (França) e a primeira-ministra Mia Motley (Barbados). O festival é realizado pela ONG Global Citizen com apoio do governo francês; (Fonte: Gobal Citizen)

A realização da COP 30 em novembro de 2025 em Belém está praticamente certa, já foi aprovada pelo braço regional da ONU, o GRULAC – Grupo de Países da América Latina e Caribe, e agora só resta ser aprovada pela comissão operacional global da organização. Como sabemos sempre que há vontade há um jeito, entretanto existem problemas concretos para execução da mesma nesta cidade cada vez mais capital da Amazônia fazer um evento relevante para a região e o mundo. Os 3 grandes desafios atuais para realizar o potencial da iniciativa são:

(1) Avançar ainda mais nas negociações entre os países frente às novas projeções alarmantes de fritura planetária que apontam para um aumento de 1,5C em relação a temperatura global pré-industrial já nos próximos 3 anos, ou até mesmo no ano que vem, com a influência do fenômeno El Niño, como demonstrado na recente publicação liderada pelo professor Piers Foster, do Priestley Centre for Climate Futures da University of Leeds no jornal Earth System Science Data;

(2) Criar uma alternativa de desenvolvimento econômico verde para a população local ao invés da atrasada e incoerente ideia de abrir um poço de petróleo na foz do Amazonas contra a evidência científica do clima e da dinâmica ambiental local como demonstrado pelo IBAMA e;

(3) Preparar a infraestrutura necessária para receber as 50 mil pessoas esperadas para a COP numa cidade que tem 15 mil leitos na melhor das hipóteses, sem deixar elefantes brancos, como sempre acontece por aqui, e criar um legado real e escalável de cidades e estruturas verdes que entreguem justiça social e desenvolvimento econômico sustentável para os países amazônicos e de florestas tropicais na África sub-saariana e Indonésia. Fazendo assim uso exemplar dos R$ 5 bi direcionados pelo BNDES para o Pará e Belém se estruturarem para a COP;

Estes são desafios consideráveis, mas como diria o velho sábio chinês Sun Tzu, “A vitória vem de achar oportunidades em problemas” ou, para manter o equilíbrio geopolítico mundial, “Todo problema é uma oportunidade disfarçada” como colocou o ex-presidente americano John Adams. De fato tais citações não poderiam ser mais verdadeiras do que no presente momento.

Globalmente, em relação ao primeiro problema levantado, é preciso avançar na urgência e intensidade das ações climáticas necessárias e tirar melhores resultados das negociações suprimidas pela indústria do petróleo como tem sido infelizmente a tônica histórica das COPs. A próxima será nos Emirados Árabes Unidos, um dos mega-produtores de energia suja, inclusive. O presidente Lula e vários de seus pares dão início a uma iniciativa promissora essa semana em Paris, o Novo Pacto Financeiro Global. Articulação liderada pela França com forte apoio do Brasil e dos países insulares do Caribe e Pacífico, os em maior risco devido a Crise Climática. A inciativa propõe reformular o sistema financeiro global se distanciando das controversas premissas de Bretton Woods que deram origem ao Banco Mundial e FMI – Fundo Monetário Internacional, o que desaguou em sua maior parte no fracasso neoliberal.

A meta, agora, é um sistema de financiamento mais solidário focado na redução da pobreza, ação climática e ambiental global. Neste 22/06, dia do lançamento oficial na cidade luz, pode estar nascendo a estrutura econômica e financeira mundial para uma transição global na direção de um novo modelo de estados de bem estar-social e ambiental do século 21, um propósito histórico, urgente e capaz de gerar esperança de mudança verdadeira.

Em relação ao pé que temos no atraso do modelo de desenvolvimento rodoviário, automotivo e do petróleo do século XX não é preciso elaborar muito para deixar claro que este é incongruente com o discurso e demais ações tomadas pelo Brasil desde a campanha e eleição do presidente Lula. Ou seja, não faz sentido insistir no desenvolvimento de uma matriz de energia suja, que é a principal causa da Crise Climática, na foz do rio mais importante para o equilíbrio da maior floresta tropical do mundo e umas das infraestruturas principais de equilíbrio do clima e umidade do planeta. Entretanto, só dizer isso e não propor soluções alternativas também não é a resposta.
Acertaram o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, e a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina SIlva, em recusar a viabilidade dessa exploração e demandar mais estudos, como também têm razão em sua preocupação por obter mais recursos para suas populações carentes de desenvolvimento o senador do Amapá, Randolfe Rodrigues, e o governador do Pará, Helder Barbalho.

A solução é criar de vez um NAVE – Novo Acordo Verde para a região como um plano claro de desenvolvimento econômico sustentável para os 25 milhões de amazônidas que vivem no pior nível de pobreza de todo país, dos quais 20 milhões em cidades (75%) e pelo menos 12,5 milhões em favelas (50%). Se querem chamar de Plano Marshall da Amazônia, nós do movimento NAVE não nos importamos, o importante é fazer isso primeiramente na Amazônia e depois ter NAVEs para todos os demais biomas do Brasil, pois só assim, criando alternativas de renda e riqueza sustentáveis apoiadas por regulação precisa dos três níveis de governo, conseguiremos realizar nossa transição climática e ser (até) exemplo para o mundo.

O presidente Lula tem a imensa oportunidade de se consolidar como o principal líder global do clima na atualidade se simplesmente anunciar no próximo dia 22/06 em Paris no encontro do Novo Pacto Global Financeiro que o Brasil está de volta para liderar a ação climática global com justiça social e que por isso não vai abrir este infâme perímetro de exploração de petróleo na foz do Amazonas. Não precisa nem fazer, ainda, como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que parou toda a prospecção de novos poços de petróleo no seu país. É bom ser o Brasil e esse momento tem que ser aproveitado pois os ganhos superam as perdas mesmo com toda realpolitik.

Regionalmente, a falta de infraestrutura de Belém é uma chance de ouro para se criar um modelo de desenvolvimento de cidades e estruturas verdes amazônicas no que se denominou de Perímetro COP 30, trazendo ainda uma grande solução de justiça social. Explico. Como serão realizadas uma série de obras de preparação para cúpula tal qual o Parque da Cidade, a reforma de antigo aeroporto para receber o evento, a troca da frota de ônibus por uma nova frota, elétrica, e melhorias no crasso problema de saneamento local, (apenas 7% da cidade é saneada), é hora de uma vez por todas que lideranças políticas e da comunidade de urbanismo do Brasil entendam que Urbanismo Social e Climático (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/03/urbanismo-climatico.shtml) não são equipamentos sociais e climáticos isolados uns dos outros mas sim a transformação da malha urbana, a rua, integrando esses equipamentos a espaços públicos e infraestruturas verdes de forma capaz de transformar o metabolismo, cultura e oportunidades de nossas cidades.

Amazônia e fontes de água do rio Amazonas (Fonte: NASA Earth Observatory)

Temos uma oportunidade específica que é o desenvolvimento do Urbanismo Climático como legado de Belém para o mundo e as COPs com a liderança de equipe brasileira e colombiana, os dois principais países amazônicos, que tenho a honra de coordenar junto a Alejandro Echeverrí, criador do Urbanismo Social em Medellín, a maior transformação urbana no mundo nos últimos 30 anos. Equipe esta que inclui brasileiros junto aos nossos vizinhos de Medellín e profissionais de ponta de todo o mundo, da América Latina à África, Europa, EUA e Ásia e que já estão se articulando em parcerias com lideranças e a comunidade de urbanismo local do Pará para iniciar esse trabalho devido a provocação do possível futuro secretário-geral da OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, Martín von Hildebrand, indigenista e ambientalista colombiano histórico que inspirou o filme, “O abraço da Serpente” e que deve ser anunciado no cargo durante o encontro da mesma organização nos dias 7 e 8 de Agosto em Belém.

A maior oportunidade gerada pela falta de estrutura na capital da Amazônia se dá na questão da falta de leitos. Se os 35 mil leitos (número consevador) necessários forem construídos unicamente com foco hoteleiro, certamente se tornarão um triste elefante branco. E este será mais um exemplo do fracasso de nossas lideranças em aproveitar megaeventos para a construção de um legado para a população local. Entretanto, como proposto por nossa equipe de Urbanismo Climático para o legado Belém, se os mesmos, ou sua grande maioria, forem construídos em área estratégica dentro do perímetro COP 30 e forem já projetados para serem o modelo do Minha Casa, Minha Vida Verde, eles poderão se tornar uma grande solução de habitação social e –por que não– um cartão postal de Belém e do Brasil.

E mais, se forem feitos dentro do perímetro COP 30 como umas das peças de Lego do Urbanismo Climático numa escala urbana considerável, poderão ser muito mais, pois serão o legado Minha Cidade, Minha Vida Verde de Belém para o Brasil e todos os países tropicais do mundo, assim como o é o Urbanismo Social em Medellín. Junto a negociações de sucesso e a redução do desmatamento na Amazônia, essa transformação na vida das pessoas será a prova que nossa liderança climática como país brilha no discurso e na prática, para a natureza e as pessoas, contribuindo assim para que a COP 30 seja a mais inovadora de todos os tempos.

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