Muito simpáticas as homenagens ao Dia da Mulher, mas em vez de receber flores, prefiro que possamos definir como e onde serão plantadas.
Na linha de frente desse idealizado jardim, estão as ecofeministas e seus bíceps exaltados, lembrando que o sistema que oprime as mulheres é o mesmo que degrada o planeta. Passar uma rasteira no capitalismo, patriarcado e supremacia branca deixaria o mundo mais florido, visto que essa é a tríade responsável pela exploração das mulheres e do meio ambiente.
Na pauta das ecofeministas está a soberania das sementes. Ou seja, reaver as sementes que vem sendo patenteadas para depois serem vendidas para nós… Justamente os donos originais das sementes. A física e ecofeminista @vandanashiva1 , considerada uma das cem ativistas mais importantes do mundo, chama isso de bio-imperialismo, explicando que “quem controla as armas, controla os governos e quem controla os alimentos, controla as pessoas”.
Super Vandana também conta que seu trabalho sobre a soberania começou no dia em que ouviu dizer que as empresas que desenvolveram químicos para as câmeras de gás de Hitler, e que depois introduziram os químicos na agricultura, tinham afirmado, num congresso em 1987, que não estavam ganhando dinheiro suficiente e iam passar a usar novos instrumentos para transformar geneticamente as sementes e depois impô-las ao mundo.
Para combater esse mercadão, Vandana já articulou a criação de cento e quarenta bancos comunitários de sementes, ressaltando que a troca das mesmas pelos agricultores é um direito humano – cada coisa que precisamos explicar nessa realidade deformada pelo neoliberalismo!
Vida longa para as mulheres.
E que a Terra não vire um infinito milharal de grife. Ou um infinito balde de pipoca estourada pelo aquecimento.
Giovana Madalosso escreve para o Fervura toda semana. É autora dos romances Suíte Tóquio e Tudo pode ser roubado e do livro de contos A teta racional.