Minha vó dizia que começar o ano com roupa velha dá azar. Vai ver é por isso que venho me estrepando há tempos. Se quanto mais velha a roupa, maior o azar, então estou lascada mesmo. Passei a virada para 2021 com um vestido da década de 70 que comprei num brechó e não deve ser nem de segunda mão: deve ser de terceira ou de quarta.
Superstições e modéstia à parte, eu estava elegante. Tem coisas que um ser humano só consegue num brechó, como peças assinados por falecidos como Pierre Cardin, jaquetas de exército, camisas com coqueiros no pôr do sol e consciência limpa. Sim, a moda karma-less chegou para ficar. Se uma única calça jeans demanda 5.196 litros de água para ser feita, um jeans usado não demanda nada além de uma lavada e uns poucos caraminguás do seu bolso.
Não à toa, segundo o SEBRAE, de 2015 para cá, o setor de brechós teve um crescimento de 210%. Alguns estudos apontam que as roupas de segunda mão e o upcycling ainda vão responder por 20% de todo o mercado da moda no mundo.
Go naftalina. Aqui vão alguns brechós que valem a visita: @gatobravovintage @pagu2handshop @extranoica.demode
Giovana Madalosso escreve para o Fervura todas as terças. É autora dos livros A teta racional, Tudo pode ser roubado e Suíte Tóquio.