Enfrentamos um problema de magnitude inédita. Após o mês mais quente dos últimos 120 mil anos, em julho, a humanidade se encontra num momento único em sua história onde precisamos de ação decisiva de nossos líderes se queremos construir um futuro minimamente viável para os 7,88 bi que somos no planeta. Os tão falados 1,5C de aumento da temperatura como limite para a Fervura Global até 2030 em comparação à base do IPCC referente a era pré-industrial (1850) em verdade já foi alcançado no final de junho e superado no dia 07 de Julho deste ano quando alcançamos um aumento de 1,68C como demonstrado pelo think tank Berkeley Earth e pelo Instituto Climate Reanalyzer ligado a NSF – National Science Foundation, ambos dos EUA. E por favor ninguém venha dizer que o que vale é a média dos próximos 20 anos (método de aferição do IPCC) porque a verdade é que não temos nem 20 nem 2 anos para começar a agir, precisamos agir agora sabendo que ação climática é mais do que parar o desmatamento. É, 2030 já é em 2023*.
Temperatura Global em junho; Fonte: Berkeley Earth
Em analogia ao Projeto Manhattan que deu origem à bomba atômica, nós, e todos os países, precisamos juntar especialistas de várias disciplinas, governo, setor privado e comunidades para desenvolver uma ação integrada de âmbito local, nacional e global para transição e resiliência, leia-se sobrevivência, aos efeitos climáticos inevitáveis já causados por nós. Se fizermos tudo certo, a partir de hoje, abandonando o petróleo, gás e carvão, vamos sofrer eventos climáticos extremos por no mínimo mais 50 anos (IPCC-ONU).
Temperatura Global em 2023; Fonte: Climate Reannalyzer
A principal solução que necessitamos é um Projeto Maniçoba (aka NAVE – Novo Acordo Verde**), numa alegoria a delicatesse da cozinha paraense, onde algo muito perigoso para a saúde humana é transformado numa grande solução. Além da preservação da nossa existência, esse é o caminho para o Brasil se tornar enfim um país desenvolvido. Para isso, é preciso avançar para além do essencial mas insuficiente ambientalismo tradicional, com foco na redução do desmatamento e reflorestamento de biomas, para termos o Sol, Estado e o Urbanismo Climático como os outros elementos chave para a real superação da Crise Climática. O consenso da urgência e caminho de ação já existe em pessoas sérias de diferentes áreas de atuação como vemos nas seguintes citações:
- “A Crise Climática está fora de controle… acabou o Aquecimento Global, agora estamos na era da Fervura Global”***;
Antônio Guterres, Secretário-geral da ONU
- “Precisamos de um Plano Marshall para o clima… um déficit de gastos massivo será necessário… o capitalismo não vai entregar a transição energética em tempo”;
Derek Bower, Editor-chefe de Energia do Financial Times nos EUA
- “Eu pensei que as empresas de energia fóssil poderiam mudar. Eu estava errada” e;
Christiana Figueres, negociadora climática que liderou o UNFCC durante
a realização do Acordo de Paris
- “A energia solar é o novo petróleo”;
Graham Allison, ex-secretário assistente de Segurança Nacional dos
EUA no governo Clinton, reitor-fundador da Harvard Kennedy School of Government e do Belfer Center for Science and Diplomacy na mesma universidade
Essas não são frases de ativistas “extremistas” ou professores “comunistas” como a máquina de desinformação da direita e os verdadeiros extremistas, os do petróleo, gás e carvão automaticamente taxariam. Tais colocações são de dirigentes do establishment (poder) internacional que lideram ou lideraram os órgãos internacionais oficiais de negociação do clima, do analista chefe de uma das publicações cânones do capitalismo e de um dos maiores especialistas de segurança internacional e transição energética dos EUA.
A inédita urgência por ação fica clara mediante a quantidade e intensidade de extremos climáticos que só aumenta. Desde chuvas devastadoras no litoral N, NE a SE brasileiro como a mais recente em Alagoas, 2 ciclones em 1 mês no sul do Brasil (que juntos custaram mais de R$ 800 mi em prejuízo). Temperatura mínima recorde no norte da África em 39,6C, calor recorde na Itália, Espanha e todo sul do mediterrâneo, especialmente, os 48C na Grécia, berço da civilização ocidental, que se encaminha para se tornar um deserto com incêndios massivos e incessantes que também são observados no Canadá a um mar e oceano de distância. Estes que por sua vez geram distopia de poluição envolvendo New York,a cidade mais rica do mundo, em fumaça. O sudoeste e sul dos EUA com ondas de calor recorde no último mês onde a temperatura bateu em 55C no Death Valley na California, Phoenix teve 31 dias com temperatura superior a 43C no mesmo período, 53C em Sanbao seguido das maiores chuvas em 140 anos em Beijing no NE da China e do macro domo de calor nos Andes onde foi registrado neste 1 de Agosto 38,9C no meio do inverno!
Não bastasse, continuamos a assistir o Canadá em chamas que já destruíram uma área do tamanho da Irlanda, desta vez no seu oeste envolvendo de fumaça o noroeste americano como visto nas cidades de Portland e Seattle, e o paraíso do surfe, o mítico Havaí ter tido a cidade de Lahaina e parte da ilha de Maui, uma das mais habitadas, destruída em mais de sua metade por terríveis incêndios na última semana. Já o SO dos EUA sofrem com seu primeiro furacão em 80 anos, o Hillary, enquanto uma tempestade tropical, chamada Harold, avança pelo seu SE e Texas.
No Brasil, observamos um aumento de temperatura de 3C referentes a 1960 no Nordeste, Amazônia e Cerrado, e neste dia 22/08 um recorde de cidades com temperatura máxima de 40C em pleno inverno, onde Cuiabá atingiu a mais alta com 40,6C, 6C maior que sua média para essa época do ano (INPE). Mesmo com o começo do fenômeno El Niño tais temperaturas são anormais na série histórica. Enquanto essa onda de ar seco que vem do NE dos Andes no Chile se espalha pela maior parte do nosso país extremos opostos estão previstos de ocorrer no NO da Amazônia com fortes chuvas, e no Sul do país com até geadas.
Domo de calor nos Andes; Fonte: MetDesk
Olhando os últimos 12 meses observamos a maior seca do mundo no SE da América do Sul, desastres de secas e enchentes que atingiram mais de 400 mi de pessoas no Paquistão e Índia. O Ártico e a Antártida estão derretendo muito mais rápido do que o esperado e deixando descobertos imensos poços de metano, um dos piores GEE- Gases de Efeito Estufa, nos territórios onde o gelo e a neve se vão no pólo norte. É isso que você leu, cada vez fica mais difícil contar todos os extremos climáticos que estão ocorrendo e a verdade é que eles estão se tornando o padrão climático onde ninguém está isento dos seus efeitos catastróficos em termos humanos, ambientais e econômicos. A Crise Climática é tão grave e sistêmica que ela se tornou também a maior ameaça de saúde para a humanidade devido a doenças relacionadas ao aumento de calor, de acordo com a própria OMS – Organização Mundial de Saúde.
Tal cenário torna a Crise Climática acima de tudo uma crise de segurança nacional e global para todos os países e local para todas as cidades e estados. São urgentes os esforços de reflorestamento e desmatamento zero, principalmente na Amazônia e outros ambientes estratégicos para regulação do clima, o que, felizmente, vem tendo forte avanço no Brasil. Entretanto precisamos de muito mais para superar o que acontece de forma cada vez mais intensa e frequente. É necessário nos preparar imediatamente para resistir ao tranco em nossas cidades, estruturas e territórios produtivos assim como transitar de maneira bastante rápida para uma economia de matriz energética limpa, ou seja, sem petróleo, carvão e gás.
O aumento do impacto climático na migração global, em torno de 300 mi de pessoas desde 2008 (Institute for Economics and Peace, Austrália), escassez de alimentos e água e corrosão da infraestrutura existente são fatos inalienáveis, especialmente, sobre as populações mais vulneráveis. Se no Havaí, estado do país mais rico do mundo um colapso infraestrutural na rede de energia ligado a amplitude climática iniciou tamanho incêndio imaginem o que pode acontecer nas favelas do Rio, quebradas de SP, baixadas do PA ou Sertão de PE? Chegou a hora de separar os líderes que amam seus povos e estão prontos para fazer história e aqueles que estão mais preocupados em servir as estruturas de poder de onde se encontram ao custo da vida de bilhões de pessoas nas próximas décadas.
Temperaturas máximas de inverno no dia 22/08/2023 no Brasil; Fonte: INMET
Para desenvolver a ação que precisamos para além do ambientalismo tradicional existem alguns pontos centrais: (1) soluções de mercado não são o suficiente, como observado na completa falha do capitalismo verde (ESG) onde apenas 1% dos investimentos tem ligação real com descarbonização e do sistema de crédito de carbono global onde apenas 23% do créditos tem alguma conexão com a realidade de reflorestamento (The Guardian, 2022). Foi do famigerado mercado de carbono que também brotou o maior esquema de fraude da história da União Europeia, no valor de € 80 bi (IMF).
Esses fatos nos levam a crer em recente modelagem realizada com base nos portfólios de investimentos atuais que demonstra ganhos 10% maiores por parte do mercado em investimentos que desconsideram a crise climática completamente nos próximos 40 anos comparados a um cenário de net zero até 2050 realizado pela Cambridge Econometrics e Ortec Finance sob encomenda para o Singapore GIC, fundo soberano de Cingapura, único país tropical rico e um dos com maior vulnerabilidade climática. Isso quer dizer que o “mercado” só está precificando o custo de descarbonização e não o de inação climática. Esse cenário irracional urge cada vez mais a realidade de que –diferentemente do que o ex-presidente americano Ronald Reagan infamemente declarou–, o Estado não é o problema e sim a solução. Não precisamos que o Estado crie e lidere empresas como na extinta URSS, mas sim, novos mercados e regulação como tem sido feito de forma bem sucedida na Escandinávia.
O único caminho possível para superação climática é por meio da criação de mercados verdes pelo estado como começa a fazer o IRA – Inflation Reduction Act nos EUA do governo Joe Biden, resultado de pressão dos amigos do GND – Green New Deal, que configura o maior pacote climático da história no valor de R$ 2 trilhões (USD 400 bi) e geração de fluxo de capital verde de R$ 5 trilhões (USD 1 tri; fonte: Chase Manhattan). O que tem sido observado é uma forte geração de empregos e cadeias produtivas verdes e melhora pontual em regulação ambiental que ainda precisa ser acompanhada por decisiva redução e proibição de prospecção e uso de energia suja, petróleo, gás e carvão.
Capacidade de produção de energia solar global; Fonte: Financial Times
A energia solar é hoje, de longe, a melhor solução para a transição energética. Tanto devido ao custo eficiência, pois é mais barata e recebe pela primeira vez mais investimento que petróleo globalmente, como por seus modelos de gestão de potencial mais democrático, permite um modelo viável de pequenas cooperativas, e menores impactos ambientais que as demais. A eólica e outras formas de energia renovável só deveriam ser aplicadas em áreas de baixa insolação devido aos custos, impacto socioambiental e modelo de negócios centralizado em grandes empresas. É provado que já faz mais sentido econômico dentro do próprio capitalismo investir em energia solar do que petróleo. Graham Allison, em recente artigo no Financial Times, a IEA – International Energy Agency, demonstra que o investimento global na produção de energia solar em 2023, no valor de $380 bi, será pela primeira vez na história superior aos gastos com produção de petróleo, no valor de $370 bi.
A sobrevivência da grande maioria de nós por meio da superação da energia suja, petróleo, gás e carvão, pela energia solar, mais eficiente e com maior quantidade de investimento, hoje só esbarra em duas questões primordiais, (1) o lobby extremista da indústria do petróleo e dos países dependentes da produção desta energia suja e (2) a falta de compreensão da realidade ou vontade de nossos líderes políticos.
É necessário apontar que houve um aumento de 475% nos subsídios dos países do G20 para a indústria do petróleo, gás e carvão desde 2010, chegando ao recorde de $1,4 tri em 2022 apesar da comprovada superioridade de eficiência e investimento da energia solar sobre os mesmos. É chocante que na década (2010s) que deveria ter sido a de correção de rumo energético observamos uma vitória tão acachapante dos extremistas do petróleo, não por acaso também da ultra-direita global, ao ponto que ao invés de todos os subsídios nacionais estarem direcionados para energia limpa, hoje ¾ de todos eles vão para energia da morte nos países do G20 (IIDD – International Institute of Sustainable Development, IEA – International Energy Agency et World Bank).
Não só isso, o valor total destes subsídios junto a investimentos e empréstimos públicos no G20 dobrou de 2021 para 2022, montante exorbitante mesmo considerando a tendência ao conservadorismo energético resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia. Retrocesso ocorrido justamente no período posterior a COP 26 de 2020 em Glasgow onde foi acertada a diminuição em 45% das emissões de GEE – Gases de Efeito Estufa até 2030. Ou seja, enquanto o petróleo, gás e carvão, estão matando por ano em torno de 7 mi de pessoas por causas respiratórias (OMS) e fervendo nosso planeta cada vez mais, nós, o povo, os mais prejudicados, estamos também pagando pela conta da ineficiência, incompetência e corrupção da indústria fóssil enquanto nossos governos se afundam em erros do passado ao invés de aproveitar esta crise para acelerar a urgente transição energética com estes mesmos subsídios para energia limpa. A hora disso acabar é agora.
Por mais que o presidente Lula seja brilhante e o melhor presidente que poderíamos ter, ele, a maior parte de sua equipe e base de apoio ainda estão muito apegados ao modelo de desenolvimento do século XX, da mobilidade rodoviária nacional até a questão do petróleo. Se o Brasil quer realmente liderar a ação climática global com justiça social não há outro jeito senão vetar a prospecção de petróleo na Amazônia e cortar os subsídios para o petróleo, gás e carvão. Não adianta usar estratégias e soluções do passado para um contexto de problemas novos, ao mesmo tempo que não basta só dizer não para novos investimentos em petróleo. Precisamos desenvolver alternativas de geração de energia e valor econômico para o povo, diferentes níveis de governo e mercado. E já as temos, a começar pela energia solar!
É inconcebível cogitar novos poços de petróleo frente ao avanço da Crise Climática, ainda mais na foz do rio Amazonas, por exemplo, a principal infraestrutura natural que precisamos manter no nosso país. É muito positivo o avanço da Colômbia e do Equador nessa questão. No primeiro, pela liderança de seu presidente Gustavo Petro, e na segunda, por meio de mecanismo que precisamos replicar no Brasil, plebiscito sobre a exploração de novas fontes de petróleo, no caso específico na Amazônia equatoriana, que votou por vetar esse tremendo passo em falso.
As implicações geopolíticas da energia solar desbancando o petróleo como a maior fonte de energia do planeta são imensas e transformadoras. Por exemplo, o Oriente Médio tem sido uma arena central no grande jogo global do último século porque os países de lá têm sido os grandes provedores de petróleo e gás que abasteceram de energia de leste a oeste as economias do século XX. Se, durante a próxima década, células fotovoltaicas que captam a energia do sol, ao invés de queimarem energia de fósseis mortos que nos fazem ferver no nosso próprio planeta, substituírem significativamente a demanda por petróleo e gás, obviamente que os países dependentes e produtores de petróleo em geral serão os maiores perdedores.
E como coloca Allison “de ainda mais consequência, quem será o principal vencedor?” Deveríamos estar investindo nisso aqui no Brasil junto à China, EUA e UE, nossos principais parceiros comerciais que são interdependentes na cadeia produtiva desse tipo de energia. Não é por acaso que a indústria do petróleo e líderes dos países árabes estão buscando a todo custo cooptar ONGs e movimentos ambientais e climáticos, no Brasil e no mundo, com rios de dinheiro no próximo estágio do greenwashing ao mesmo tempo em que começam a comprar tudo que amamos, no caso do Oriente Médio, desde os craques dos nossos times até a dignidade do nosso futebol (sportswashing), enquanto incorrem perdas financeiras. Eles querem manter o seu poder mesmo que isso custe a vida de bilhões e só tolos ou mal-intencionados não se dão ao trabalho de ver isso.
Entretanto, unificar a redução do desmatamento, efetivo programa de reflorestamento em escala nacional incluindo áreas urbanas, a mudança fundamental na liderança do processo de transição energética e a construção urgente de resiliência climática para população e nossas redes de infraestrutura com liderança do estado necessita de uma estratégia integradora, e esta é o Urbanismo Climático (UC)****.
Precisamos transformar com esta estratégia sintetizadora as maiores máquinas já inventadas pelo homem, a rede de cidades, estruturas e superfícies transformadas onde ocorre o metabolismo de nossa civilização. O citado Projeto Maniçoba (aka NAVE – Novo Acordo Verde) tem de levar em conta essa tríade, Sol, Estado e Urbanismo Climático, para conseguir realizar a construção e reforma da base produtiva das cidades, áreas rurais e florestas, transformando nossos países e planeta dentro de uma efetiva transição e resiliência climática.
E principalmente, porque é nas cidades que vive a maior parte da população brasileira (87%) e mundial (58%). Ainda soma urgência a essa série de fatos os eventos climáticos extremos de excesso e falta de água com excesso e falta de calor, longe da zona de cachos dourados***** em que nos acostumamos a viver. Dentre eles o mais assustador são os fenômenos combinados das ilhas de calor urbano com os domos de calor de escala continental, resultantes da Crise Climática, que observamos do sudeste da América do Sul até o sul dos EUA e por todo o globo. Combinação de fenômenos esta que se retroalimenta de calor em escala inédita de risco a nossa saúde e vira uma máquina mortífera de dizimar umidade e chuvas, ou seja, água, o elemento principal para vida humana.
Domo de calor nos EUA e Ilhas de Calor Urbana Fonte: NOAA et +D
É verdade que uma das maiores guerras hoje é de comunicação entre a humanidade racional e os extremistas do petróleo. Isso torna urgente que nós humanistas comecemos a colaborar uns com os outros do Brasil, Colômbia, Equador, África do Sul aos EUA, Europa, Índia e China nessa disputa de inteligência, criatividade e legitimidade contra petrodólares. Mais do que nunca se nos preocupamos com a humanidade, a vida na terra, nossos pais, filhos, irmãos e irmãs, não podemos nos tornar mercenários de causa própria e nem se ater a lógicas ambientais obsoletas onde se foca mais em salvar ativos da classe dominante com falsas soluções, como créditos de carbono e ESG, e insistir que o que pode ser feito está o sendo ao invés de se juntar todos os que têm as especialidades de fazer o que precisa ser feito. Para quem diz que isso é impossível de ser realizado em termos tecnológicos para um país como o Brasil recomendo que notem que a Índia, nação de população sete vezes maior e renda per capita 4 vezes menor que a nossa, se tornou neste 23/08 o primeiro país a pousar no lado escuro da Lua. Com a vontade política, estratégia e investimentos apropriados tudo é possível, ainda mais no século XXI.
E apesar de que sem comunicação não se evolui em nenhuma questão mais do que nunca, é preciso sempre lembrar que o saber e a realização das soluções necessárias é no mínimo tão importante quanto comunicar da maneira correta. Um Conselho de Segurança Climática que coordene o Plano Maniçoba (aka NAVE) no governo federal é urgente até para pressionar e articular a reforma do Conselho de Segurança da ONU para que este seja atualizado ao desafio existencial da Crise Climática.
Foram realizados importantes avanços na Cúpula dos Países Amazônicos em Belém acerca da proteção da floresta. Entretanto, só diminuir o desmatamento não vai salvar o Brasil e nem o planeta. É hora de combater os extremistas do petróleo e concretizar a ação climática que não descarta a vida de bilhões de pessoas. Precisamos salvar a natureza porque a devemos respeito mas principalmente porque precisamos nos salvar e essa ação faz parte do pacote. O mais importante são as pessoas.
P.s.* Expressão da foto-jornalista Gabi di Bella, dir-exec. do NAVE em recente artigo no Fervura;
P.s.1** O NAVE é o tão falado Plano Marshall do Clima;
P.s. 2*** Parece que o Secretário Geral da ONU está lendo o Fervura no Clima e;
P.s.3**** Artigo sobre Urbanismo Climático deste autor na Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/03/urbanismo-climatico.shtml ;
P.s.4***** Cachos dourados se refere a estreita faixa climática onde podemos sobreviver;
Pedro Henrique de Christo: urbanista climático, presidente do NAVE – Novo Acordo Verde e cofundador do Parque Sitiê na favela do Vidigal, Rio de Janeiro. É professor-visitante de políticas públicas, desenho urbano e arquitetura na Universidad Eafit-Urbam, em Medellín, tendo lecionado também na Harvard University, University of Cape Town e FGV-RJ, fundador do internacionalmente premiado estúdio interdisciplinar +D e Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Harvard, onde sua tese inspirou a aula School of the Year 2030@Rio de Janeiro. Twitter: @pedrohdcristo / E-mail: pdrohenriquedecristo@gmail.com