É difícil conter meu entusiasmo diante de Paisagismo Sustentável para o Brasil, o novo livro de Ricardo Cardim. Li cento e muitas páginas de uma tacada só, acontecimento raro aqui em casa desde o iníco da pandemia. Cardim conta, com uma escrita gostosa, e centenas de fotos, a história da colonização da natureza nas cidades brasileiras. É uma abordagem original que acrescenta uma dimensão nova à antropologia da cultura urbana do país. Depois de um capítulo inicial dedicado à flora e um pouco de fauna na colonia, divide a história do paisagismo em três períodos mais recentes: A moda do verde (1930-1930), O intenso crescimento das cidades (1930-1980) e Conflitos e meio ambiente (1980 em diante). Parte daí para uma explicação dos motivos para a preferência paradoxal das plantas exóticas nos centros urbanos do país, a globalização das plantas ornamentais, e frutas nativas versus aquelas trazidas por homens de outros pontos do planeta. Esta é a primeira parte do livro. O que torna isto tão fascinante é que Cardim conta a nossa história do ponto de visto das plantas.
A segunda parte do livro apresenta um manual de como fazer paisagismo sustentável você mesmo, seja inquilino, dono de casa, gestor municipal, síndico, ativista ambiental ou ministro. Consegue ser interessante mesmo para aqueles entre nós que dificilmente plantaremos mais do que um caroço de abacate no copo.
Paisagismo Sustentável para o Brasil é um ensaio, obra de referência (com direito a glossário, bibliografia extensa e mini-biografias de precursores como Burle Marx), e, já disse, manual de faça você mesmo. Acrescenta uma dimensão à discussão mundial e brasileira sobre descolonização. E tem muito a ver com soluções para a #Emergênciaclimática.
Enquanto lia fui pensando em diversos amigos e conhecidos que adorariam ganhar esta obra de presente. É publicado em formato grande num papel gostoso pela editora Olhares. Tem 300 páginas e custa entre R$150 e R$200. Vale cada centavo.