Pioneira e referência no setor de cosméticos quando se fala em iniciativas corporativas de ESG (sigla em inglês para ‘Environmental, social and corporate governance’), a Natura deu no começo do mês mais uma importante contribuição para o ganho de maturidade do mercado financeiro nas questões climáticas e sustentáveis. A também controladora de marcas como Avon,The Body Shop e Aesop acaba de arrecadar US$ 1 bilhão com a emissão de títulos de dívida (debêntures) atrelados ao alcance de suas metas de sustentabilidade, os também chamados “sustainability linked bonds”. Trata-se da maior iniciativa do tipo para aumento de liquidez na América Latina.
A operação, com vencimento em sete anos e rendimento de 4,125% ao ano, tem dois parâmetros de interesse para os compradores da dívida. No primeiro, a empresa se compromete com a redução da intensidade de suas emissões de gases de efeito estufa em 15% e, no segundo, com o aumento em 25% no uso de plástico reciclado pós-consumo em suas embalagens, com ambas as metas a serem atingidas até 2026 e tendo 2019 como ano-base.
Caso a Natura não cumpra o que é proposto, os juros sobre os títulos serão acrescidos em 65 pontos-base (0,01%) a partir de outubro de 2027, próximo do fim do prazo. A aposta da Natura e do mercado em seu ganho de sustentabilidade é alta, mas vale a pena pela causa.
Na mesma esteira da companhia, outras grandes empresas utilizaram o mesmo mecanismo de mercado para financiar seus planos de sustentabilidade e combate às mudanças climáticas. Entre elas, a concorrente Boticário, que, em dezembro do ano passado, captou R$ 1 bilhão com a emissão de títulos de dívida com juros relacionados às metas de aumento de energias renováveis e reciclagem de resíduos em sua operação industrial.
Texto: Julio Lamas